A Noite em que La Féria Sonhou com “Laura”

La Féria tinha um sonho: homenagear, em tom de musical, a vida de uma das suas atrizes preferidas em menino – Laura Alves. Na quarta-feira passada, 22 de Novembro, Filipe La Féria projetou o seu sonho no palco do Politeama e o Desacordo teve o privilégio de presenciar esta noite mágica na sua companhia.

Fonte: Site Câmara Municipal de Lisboa

Filipe La Féria admitiu que se recorda de admirar, em menino, Laura Alves em palco, e de como a sua representação o emocionava de maneira especial. Num desses momentos, nasceu a ambição de tornar a vida da atriz e comediante do século XX em musical. Esse sonho concretizou-se depois de longos anos de espera e ganhou forma na quarta feira passada.

A peça conta a história de vida de Laura Alves, protagonizada por Sissi Martins, confidenciando ao público todos os seus segredos. A narrativa centra-se na história de amor de Laura com Vasco Morgado, interpretado maravilhosamente por Rui Andrade, levando-nos a seguir os caminhos tortuosos desta relação e a vibrar com cada emoção sentida por ambos. A história do Teatro Monumental é igualmente uma parte fundamental na vida de Laura, tendo sido o palco principal da sua carreira e seu mais querido para se entregar ao seu público.

Pessoalmente, devo confessar que a representação da grande Maria Inês Gomes no papel da pequena Laurinha foi o primeiro motivo que me fez apaixonar instantaneamente pelo mais recente trabalho de La Féria. Os seus risos e a sua alegria genuína transpareciam e contagiavam o público, tal como Laura Alves fizera em criança. Sissi fez da frase “O ator é um ladrão, rouba tudo o que vê” a sua máxima, e conseguiu captar e replicar cada gesto, expressão e esgar da grande Laura Alves. A sua representação é de excelência e eleva todo o espetáculo a níveis colossais.

O aparecimento de Ribeirinho, tão bem desenhado por Rúben Madureira, aumentou o meu fascínio ao permitir-me ver em cena um dos atores e encenadores mais aclamados do cinema português. Rui Andrade encheu o palco sempre que a sua voz se elevava e, junto com Sissi, fez-me desejar que aquela história de amor não encontrasse um fim. A doce relação entre Laura e o seu pai foi mais um momento marcante, emocionando o público sempre que fingiam jogar às cartas e o seu pai lançava o ás de paus ditando sempre a sua vitória. Com o avançar da peça, coincidindo com o avançar dos anos, Laura jogaria o mesmo jogo e aclamava a sua jogada vitoriosa com a mesma carta.

La Féria prometeu-nos um musical sobre a vida de Laura, mas ofereceu-nos muito mais. O Senhor dos Musicais Portugueses escreveu uma declaração de amor ao teatro, à cultura portuguesa e aos seus artistas e convidou-nos a fazer parte dela. Desafiou-nos a valorizar a nossa cultura, a acarinhá-la e permiti-la contar-nos histórias. Em gesto de afronta, Laura referiu que “O teatro não dura mais que uma noite”. Pelo contrário, recordarei sempre “Laura” como o musical português que me fez viajar até à Broadway. A forma como cada personagem me envolveu, como ainda hoje me recordo de Laura em pequenos detalhes, faz-me acreditar que não a cingirei apenas a uma noite. “Laura” é marcante, viciante e inesquecível!

Filipe La Féria vê o seu sonho realizado e nós poderemos também vê-lo até 30 de junho no Teatro Politeama (Bilhetes disponíveis aqui https://www.bol.pt/Comprar/Bilhetes/128553-laura_o_musical-teatro_politeama/). Quanto a mim, continuo a aguardar ver também o meu sonho concretizado nesse mesmo palco através da adaptação do musical do “Fantasma da Ópera” por La Féria.

Lança o teu Ás de Paus, venceste Laura!

Escrito por: Catarina Matos

Editado por: Diana Gaspar

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