Dezoito anos depois, o que aconteceu aos estádios do Euro 2004?

Há exatamente 18 anos, no dia 12 de junho de 2004, iniciava-se o único Campeonato Europeu de Futebol ocorrido em Portugal até agora. Para o efeito, foram construídos dez estádios, avaliados num total de 665 milhões euros. Neste artigo, serão descritos os seus rumos desde então.

Estádio da Luz
O novo Estádio da Luz, casa do Sport Lisboa e Benfica, foi inaugurado no dia 25 de Outubro de 2003, de modo a substituir o seu homónimo antecessor.
Tem capacidade para 65 642 espetadores e, naturalmente, por albergar um dos três grandes do futebol nacional, é das moradas do Euro 2004 que tem tido mais sucesso.
Em 2017, ultrapassou a marca dos 15 milhões de espetadores.
Depois de ter sido o palco da final do Campeonato Europeu, também acolheu as finais das edições de 2014 e 2020 da Liga dos Campeões da UEFA, para além de inúmeros concertos e jogos da seleção nacional.

Estádio José Alvalade
O novo Estádio José Alvalade, arquitetado por Tomás Taveira, foi construído de modo a albergar 50 095 espetadores, tendo atingido o seu público recorde a 22 de novembro de 2016, dia em que 50 046 pessoas assistiram a uma partida entre o Sporting e o Real Madrid, válida para a fase de grupos da época 2016/2017, da Liga dos Campeões.
É a morada oficial do Sporting Clube de Portugal. Em 2005, acolheu a final da Taça UEFA (atual Liga Europa) entre o seu clube e o CSKA de Moscovo.
Por debaixo do relvado, funciona o Centro Comercial Alvaláxia, que conta com várias lojas, um supermercado e salas de cinema.

Estádio do Dragão
O Estádio do Dragão veio tomar o lugar do antigo Estádio das Antas como casa do Futebol Clube do Porto e, segundo o próprio site do clube, é um “ponto de referência desportivo da cidade e da região”.
Tem 50 033 lugares e já serviu de rendez vous de jogos a competições como a recentemente criada Liga das Nações ou a Liga dos Campeões, tendo albergado a final desta última na época 2020-2021. Viu, também, Lionel Messi a debutar pela equipa principal do Barcelona, num amigável contra a equipa catalã.
Fora do futebol, recebeu concertos de bandas como Deep Purple, Rolling Stones, Coldplay, Muse ou One Direction.
Em 2003, tornou-se no primeiro estádio europeu a obter a distinção Green Light, pela sua racionação sustentável de energia.

Estádio Municipal de Aveiro
A seguir aos estádios dos três grandes do futebol português, o Estádio Municipal de Aveiro foi a morada do Euro 2004 com mais capacidade, podendo receber 32 830 adeptos.
No entanto, não tem tido tanto sucesso. À parte dos jogos do Euro, o máximo de competição que albergou foi a Supertaça Cândido de Oliveira, já por onze vezes, com a décima segunda marcada para o dia 31 de julho.
É a casa do Beira Mar, que nesta época conseguiu subida de divisão para o Campeonato de Portugal, quarto escalão do futebol nacional.
Em 2021, foi inaugurado um complexo desportivo anexo ao estádio, com campos de treino e, futuramente, será ainda lançado o futuro Pavilhão Desportivo Municipal.

Estádio Algarve
O Estádio Algarve localiza-se entre Faro e Loulé e é capaz de sentar até 30 305 espetadores mas, até ao momento, nunca atingiu a sua lotação máxima. Atualmente, não tem nenhum clube residente, embora sirva de segunda casa à seleção do Gibraltar em competições da FIFA e da UEFA, já que as infraestruturas deste território não cumprem os requisitos mínimos para participar nestas competições.
Devido ao seu baixo rácio entre despesa e o lucro, tem-se tornado, de certo modo, um elefante branco para as câmaras de Faro e Loulé, que procuram, com dificuldade, sustentar a sua manutenção e que já ponderaram a hipótese de os vender a privados. Um dos maiores eventos que já acolheu foi o Rali de Portugal.

Estádio Municipal de Braga
Arquitetado por Eduardo Souto Moura, desde o Euro 2004 que o Estádio Municipal de Braga tem servido, essencialmente, para todos os jogos caseiros do Sporting de Braga, alguns jogos de preparação da seleção nacional e partidas da Taça da Liga. Tem capacidade para 30 286 espetadores mas, na última época, registou, por jogo, uma média que ronda apenas os 5000.
O atual presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, do PSD, em campanha para as eleições autárquicas de 2021, descreveu o equipamento como “uma fatura pesadíssima de quase 200 milhões de euros”, subentendendo que este não está a ser benéfico para o município e apontando a sua venda, ou concessão, como medida do seu programa eleitoral.

Estádio D. Afonso Henriques
Situado em Guimarães, o Estádio D. Afonso Henriques foi construído em 1965 e remodelado em 2003. Poucos meses antes do Euro, assistiu a um acontecimento traumático: a morte, em pleno campo, do futebolista do Benfica Miklos Fehér.

Atingiu o seu público recorde em 2018, com 29 917 espetadores, quase atingindo a sua lotação máxima de 30 000 pessoas. Desde o Euro 2004, recebeu jogos do Euro Sub-21 de 2006, da Liga das Nações da UEFA e do Vitória de Guimarães.

A sua equipa residente, tem tido audiências relativamente boas, sendo o 4° clube português com mais espetadores anuais, com uma média de cerca de 11 000 a 19 000 assistências por jogo, ficando apenas atrás dos 3 grandes. Segundo o site do Vitória, é “um lugar de culto para os vimaranenses”.

Estádio Cidade de Coimbra
O Estádio Cidade de Coimbra foi inaugurado não com um confronto futebolístico mas com um concerto dos Rolling Stones, no dia 27 de setembro de 2003. Para além da mítica banda britânica, também nele atuaram nomes como U2, Madonna, George Michael e Andrea Bocelli.
No futebol, para além dos jogos caseiros do Académica de Coimbra, clube que joga atualmente na Segunda Liga, tem recebido alguns jogos da seleção nacional. A competição mais alta de que foi palco foi a final da Taça de Portugal, em 2020, tendo recebido também a final da Taça da Liga em 2011. Atingiu o seu recorde de audiência no já longínquo ano de 2006, numa partida entre Portugal e o Cazaquistão, que esteve perto de lhe proporcionar a cobertura total da sua capacidade para 29 744 espetadores.
É, juntamente com a de Leiria, uma das duas moradas do Euro 2004, com pista de atletismo.

Estádio do Bessa Século XXI
O Estádio do Bessa Século XXI é a versão renovada do seu antecessor, nomeado apenas como Estádio do Bessa.
É capaz de receber 28 263 espetadores, tendo alcançado, nos últimos cinco anos, médias de audiência que variam entre os cinco e os 13 mil. O seu momento mais difícil foi entre 2006 e 2014, período durante o qual o Boavista, clube que acolhe, esteve fora da Primeira Liga.
Atualmente, dá vida aos jogos de casa desta equipa e a alguns da seleção nacional.
A primeira contratação do Boavista para 2022/2023, o francês Vincent Sasso, chega a afirmar que “quando se entra no Bessa, percebe-se que estamos num dos grandes de Portugal”.

Estádio Municipal de Leiria – Dr. Magalhães Pessoa
O Estádio Dr. Magalhães Pessoa, também conhecido como Estádio Municipal de Leiria, tem 25 mil lugares e é utilizado pela equipa local, o União Desportiva de Leiria, que atualmente disputa a Terceira Liga.
Já recebeu exposições culturais, concertos de cantores como Daniela Mercury, Tony Carreira ou David Fonseca e, tendo pista para isso, também é usado para campeonatos de atletismo.
No início deste ano, também serviu de centro de acolhimento a refugiados ucranianos.

Atualmente, apenas dois destes dez estádios já foram completamente pagos – o Estádio da Luz e o Estádio do Dragão. Os restantes, ainda deixam as suas respetivas autarquias endividadas.

(artigo com fotos em atualização)

Escrito por: Beatriz Gouveia Santos

Editado por: Joana Lopes

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